quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Coluna do Deka May do Jornal Diário do Sul (quarta, 26/082009)

Permita-se
“Benditas as coisas que eu não seiOs lugares onde não fuiOs gostos que não proveiMeus verdes ainda não madurosOs espaços que ainda procuroOs amores que eu nunca encontreiBenditas coisas que não sejam benditas...”

Mensagem
“Ensina-se os homens a serem honestos; sem isso, poucos chegariam a sê-lo.” (Voltaire)

Coragem de gritar
Mesmo sendo um texto imenso “peço encarecidamente que os leitores(as) leiam esta preciosidade” que me foi enviada por um leal amigo: “É preciso que os homens de bem tenham a audácia dos canalhas”. Esta frase foi dita por Benjamin Disraeli, escritor e político britânico do século XIX. Inicio estas linhas com esta frase porque, embora tenha sido dita há uns cento e cinqüenta anos, é de uma atualidade gritante uma vez que estamos diante de um estado e onde a corrupção é tamanha a ponto de se chegar ao cúmulo de inferir que seja normal este comportamento aético na política e até nas relações pessoais do dia a dia, contaminando instituições e o próprio homem. Cito ainda uma frase não menos atual do conhecido economista John Maynard Keynes onde diz que "nada é de graça, tudo é pago, e para que tudo seja pago, tudo precisa estar à venda, inclusive o indivíduo". E assim, a corrupção vai gerando violência de todos os tipos, corroendo e desfibrando cidadãos e por fim a própria nação. O que estamos vendo acontecer no Senado Federal é um choque de entendimentos. Não concordo com nada do que disse, mas acredito nas palavras do senador José Sarney porque penso que ele fez o que fez (e outros) com o mais puro sentimento de que ele estivesse certo. Vive o senador na ambiência do início do século passado sem perceber que seu tempo já passou. A consciência da diferença do que é público e do que é privado que existe hoje não foi bem assimilada pelo senador e por muitos outros políticos, sejam ou não partidários, atuantes ou não por todo este Brasil. O próprio cidadão, que assiste estas mazelas, tem o sentimento de que o que é público é do governo e se é do governo não é de ninguém. O cidadão, de um modo geral, deseja que seus direitos sejam respeitados, mas somente quando algo lhe toca diretamente. É preciso que a cidadania seja ativa. A nossa indignação não pode ficar circunscrita a conversas de bar. Deve ultrapassar todos os discursos éticos. Deve ser acompanhadas de atitudes, desde as mais simples às mais enérgicas alcançando uma dimensão pública, social e política, mais prática e objetiva. Este país está mudando muito lentamente, mas muitos continuam insistir em permanecer hoje, como no século passado, num país de arranjos, de negócios cinzentos e ligeiros, onde os espertos operam milagres que põe a multiplicação dos pães num chinelo e que revertem sentenças absolvendo corruptos - por exemplo - como mágicos em circo de subúrbio. Os que detêm as ferramentas do poder muitas vezes as utilizam de forma desonesta, pela ganância, pelo egoísmo, pela vaidade e até mesmo pelo próprio poder, indiferente a qualquer princípio ético, insensível às angustias, cego às mazelas e surdo aos reclamos das pessoas do povo consideradas de segunda classe exatamente por não participarem da esbórnia arrogante, injusta e inescrupulosa que grassa o país. É preciso, portanto, um basta! Que a desesperança e o silêncio não se apoderem dos simples de coração, dos que possuem caráter fundado em firmes princípios de dignidade e bons propósitos, pois, como dizia Ruy Barbosa, a Pátria não é ninguém: são todos. Os que a servem são os que não invejam, os que não infamam, os que não conspiram, os que não corrompem nem se corrompem, os que não sublevam, os que não desalentam, os que não emudecem, os que não se aproveitam da ignorância alheia como massa de manobra, os que não se acovardam, mas resistem, mas ensinam, mas assistem, mas constroem, mas se esforçam, mas pacificam, mas discutem procurando soluções. São os que praticam a justiça, a admiração, o entusiasmo, o respeito e exercem com desprendimento e destemor a cidadania ativa. Para contrariar o que disse o economista Keynes, é preciso que o cidadão não se coloque à venda pondo por terra seus mais valiosos princípios. É preciso que os intelectuais, os idealistas, os simples de todo gênero lutem exercendo a cidadania ativa, pois o silêncio e a inação correspondem a tudo o que os inescrupulosos desejam. "Todo político é igual", "Não entro para a política porque ela é suja", "É político? Não quero lhe ouvir", "Brasileiro é assim mesmo", "Este país não tem jeito mesmo", "O negócio é tirar vantagem...", frases como estas, propagam sentimentos que promovem a derrota da dignidade e uma resignação que desfibra o país entregando-o ao descalabro numa horrenda inversão de valores e desta forma passamos como coniventes e cúmplices silenciosos. Portanto, vamos dar um basta a esta inércia. Vamos exercer a cidadania ativa ainda que seja com a audácia dos canalhas.” O certo aqui é ler, guardar e enviar a todas aquelas pessoas de bem que conhecemos. Só assim estaremos fazendo um pouco da parte que nos cabe.

Telha nas coxas
“Bom dia Deka May, acho que você não me conhece, deve conhecer meu pai o Luiz Clóvis Pozza, leio sua coluna todos os dia, e trabalhamos com telhas feita de argila, pois possuímos uma empresa Cerâmica Pozza.E a matéria de hoje (25/08), "NAS COXAS" é exatamente isso mesmo que você escreveu - gostei, parabéns pelo seu trabalho no jornal e principalmente o papel que está desempenhando na câmara de vereadores, parabéns, e que Deus te abençoe cada vez mais.
Um forte abraço, e até mais! Mano Pozza.”

Manifestação sincera
“Gostaria de parabenizá-lo pelo trabalho que você está fazendo como vereador. O povo tubaronense estava precisando de alguém como você, com coragem e atitude para lutar por tudo que acha correto e não ter medo de bater de frente com ninguém na câmara. Creio que, com o que está ocorrendo e, ainda bem, divulgado na mídia, faça nosso povo reconhecer quem deve colocar na câmara e valorizar o seu voto, sem vendê-lo como sabemos que costuma ocorrer. Honestidade e transparência é o que precisamos. Você pode ter certeza que os tubaronenses estão admirados com seu trabalho. Admito que não votei em você nas eleições, pois sempre acreditei que votar em algum candidato de partido de oposição faria com que este agisse da forma como você tem feito, mas você pode ter certeza, que, se candidato nas próximas eleições, terá o meu voto. Um abraço. Rafael Cabral.” Eu aqui agradeço muito ao leitor Rafael, e a todas as demais manifestações sinceras e carinhosas de apoio e solidariedade que me foram ditas e enviadas. É isso ai...

Desabafo do leitor
Caro amigo Deka May parabéns por sua coluna aqui no jornal que todos os dias eu leio. Venho aqui demonstrar toda a minha indignação como cidadão tubaronense sobre o que as entidades do comercio de Tubarão, ou seja, Sindiloja, ACIT e CDL pretende fazer nos próximos dias, o que elas chamaram de “Tubarão 10” - durante 10 dias o comercio trabalhando ate as 22;00 horas. Segundo essas associações nossa cidade teve um grande prejuízo por culpa dessa gripe H1N1 - não que eu discorde disso, mas nós que somos funcionários do comercio também tivemos. Nossos filhos ficaram dias sem aula e creches e quem arcou com os prejuízos fomos nós, arrumando com quem deixar nossos filhos. Agora como convêm para eles, sempre o lucro, querem fazer como no horário de Natal até as 22 horas e nós funcionário sempre pagamos o pato, porque horas extras poucas lojas pagam, talvez o x-salada que eles nos servem seja o suficiente para os funcionários. Onde esta o sindicato do comercio o qual muito pouco nos defende sempre cedendo à pressão destas associações. Desculpe Deka May, mais isso nos indigna porque para eles os funcionários muito pouco importa. Jailson Oliver” E o leitor usou o espaço que, claro, é aberto para todos. Espero que haja sim uma resposta imediata, para que não fiquem duvidas de que o que na realidade se pretende com esta iniciativa é oxigenar o comercio, garantir os empregos e retomar a normalidade perdida. Mas que seja justo para todos! É isso...

Fonte: http://www.diariodosul.com.br/colunistas/deka.htm