segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Coluna Deka May do Jornal Diário do Sul (segunda, 31/08/2009)

Independência
"Independência nada mais é do que ter poder de escolha. Não é sinônimo de solidão. É sinônimo de honestidade: estou onde quero, com quem quero, porque quero".

Mensagem
"Os homens que procuram a felicidade são como os embriagados, que não conseguem encontrar a própria casa, apesar de saberem que a têm".

O ter e o ser
Recebo, gosto e repasso: “Fui criado com princípios morais comuns. Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos eram autoridades dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto. Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades… Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou familiares das crianças da nossa rua, do bairro ou da cidade… Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror… Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos. Por tudo que meus netos um dia enfrentarão.
Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e dos adultos. Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos. Não levar vantagem em tudo significa ser idiota. Pagar dívidas em dia é ser tonto… Anistia para corruptos e sonegadores… O que aconteceu conosco? Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Que valores são esses? Automóveis que valem mais que abraços, filhas querendo uma cirurgia como presente por passar de ano. Celulares nas mochilas de crianças. O que vais querer em troca de um abraço? A diversão vale mais que um diploma. Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa. Mais vale uma maquiagem que um sorvete. Mais vale parecer do que ser… Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo? Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar as flores! Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão! Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a vergonha na cara e a solidariedade. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar no olho. Quero a esperança, a alegria, a confiança! Quero calar a boca de quem diz: “Temos que estar ao nível de…” ao falar de uma pessoa. Abaixo o “ter”, viva o “ser”. E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como um céu de primavera, leve como a brisa da manhã! E definitivamente bela, como cada amanhecer. Quero ter de volta o meu mundo simples e comum. Onde exista amor, solidariedade e fraternidade como base. Vamos voltar a ser “gente”. Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas. Utopia? Quem sabe! Precisamos tentar… Quem sabe comecemos a caminhar transmitindo essa mensagem… Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão!”

Uma razão para viver
“A cada tropeço, um recomeço; A cada falha, uma tentativa; A cada derrota, uma luta; A cada barreira, uma experiência; A cada desafio, uma aprendizagem; A cada momento difícil, uma superação; A cada sonho, uma esperança; A cada objetivo, uma busca; A cada busca, uma descoberta; E a cada descoberta, uma nova razão para viver!”

Reclamação
A leitora Moema Regina de Andrade envia o seguinte e-mail: “Prezado Deka May, mesmo antes de ser vereador já lia sua coluna, denunciando atitudes vergonhosas de alguns profissionais. Gostaria de relatar o que aconteceu com minha irmã caçula no posto de referência para atendimento da gripe, o posto de saúde do bairro Humaitá. Ela retornou ao posto na última sexta porque notei que não havia melhora dos sintomas e embora medicada com o antibiótico que lhe foi dado, continuava abatida e com muita tosse - quem lhe atendeu da primeira vez recomendou que ela voltasse em cinco dias caso não houvesse melhora. Ela tem uma filha de menos de dois anos que foi ali atendida esta semana por duas vezes e pela mesma pediatra, por sinal nota mil! Hoje, o médico, após falar muito mal da colega sobre o atendimento anterior, se recusou a dar um raio-x pelo SUS dizendo que minha irmã já tinha atingido sua cota! Na verdade, ela fez um raio-x de seios da face! Peraí? Na delicada situação em que nos encontramos ele fala de cota? Pra que um centro de referência se esse será o atendimento dado pelo profissional mal-humorado? Por que ele não pede pra sair, então? Fui funcionária pública durante 25 anos na área da saúde, sei o que é trabalhar não tão bem remunerada, mas nunca tratei alguém mal ou deixei de atuar com meu melhor por esse motivo, nunca!!! Ela não tinha os R$ 27,00 exigidos e voltou pra casa aos prantos. Entreguei o DH e a fiz voltar para que pelo menos tivesse o auxílio diagnóstico de um raio-x de pulmão! É, meu amigo, não adianta de nada o esforço das autoridades preocupadas com o colapso do sistema de saúde e financeiro, na medida que todas as atividades pararam na cidade, no caso de uma epidemia, enquanto permanecerem na linha de frente profissionais com esse tipo de comportamento! Lamento, mas essa não deu pra deixar passar!” Fica o espaço aberto para a contradita. É o que se espera...

Verdade disfarçada
“Um dia, a Verdade decidiu visitar os homens, sem roupas e sem adornos, tão nua como seu próprio nome.
E todos que a viam lhe viravam as costas de vergonha ou de medo, e ninguém lhe dava as boas-vindas.
Assim, a Verdade percorria os confins da Terra, criticada, rejeitada e desprezada.
Uma tarde, muito desconsolada e triste, encontrou a Parábola, que passeava alegremente, trajando um belo vestido e muito elegante.
— Verdade, por que você está tão abatida? - perguntou a Parábola.
— Porque devo ser muito feia e antipática, já que os homens me evitam tanto! - respondeu a amargurada Parábola.
— Que disparate! - sorriu a Parábola. Não é por isso que os homens evitam você. Tome. Vista algumas das minhas roupas e veja o que acontece.
Então, a Verdade pôs algumas das lindas vestes da Parábola e, de repente, por toda parte onde passava era bem-vinda e festejada. Os seres humanos não gostam de encarar a Verdade sem adornos. Eles preferem-na disfarçada”.

Fonte: http://www.diariodosul.com.br/colunistas/deka.htm